LUIS MANUEL GASPAR
V
A manhã rebate as asas na ombreira;
janelas de pau, penumbra e parapeito
onde o navio desatado estancou,
um fio de oiro captado pelos mastros
Aderem os dedos ao pêndulo perdido,
ao lençol semicerrado no aquário.
Pela escada move os peixes o senhor
das clarabóias. À névoa, de olhos tristes,
veio dizer-me de véspera que morri.
Ganhando altura, quando os ferros se encontram
a meio do rio, o sexo inflado nas mãos
de anjos inda pouco destros, mal saídos
das locas. E foi a ânfora desfeita,
a tarde e a manhã como um tiro na têmpora
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