Ana María de Carvalho – Rim flutante

Fundación Ortega MuñozNarrativa, SO11

ANA MARGARIDA DE CARVALHO

RIM FLUTANTE

O que ele arrastara atrás de si a vida toda, quanto peso, quantos vestígios presos às pernas, lixo, sobras das bermas, sujeira das valetas e todas as imundícies jogadas à rua, que se grudavam por onde passava e lhe engrossavam o fardo. Como aquelas ovelhas perdidas, e andam anos e anos nos campos a acumular camadas de pêlo, ramos, sementes, espigas e os seus próprios excrementos, nele fazem ninho vermes e musaranhos e são desprezadas pelos lobos, que o pelame sufoca-lhes as ávidas gargantas, e são enjeitadas pelas fiadeiras, de tão conspurcada a lã sem prestança, a pequena cabeça atónita da ovelha, no meio daquele rolo informe e repelente, que já não me querem a carne e o couro, que liberdade tão sozinha. Está, a ver, mãe no que me tornei, a ovelha por tosquiar. Mazarin, meu filho, vamos embora, já não temos nada a fazer aqui. O médico com sobrancelhas alteadas de desconcerto, minha senhora…, mas já a baixar-lhe para os olhos o entendimento. A irmã a sair do biombo, ainda a acabar de se vestir, de olhos escanzelados, toda ela escanzelada, ela o contrário, uma ovelha despida, tantos cotovelos e ângulos, tantos ossos no corpo da irmã, e os tornozelos grossos, em vaso invertido de retenção de líquidos e varizes. A mãe a esconder as mãos em baixo da secretária, a força do hábito. Aperta o casaco Benilda, vamos Mazarin, não me toque mãe. Ele, frágil, tão frágil como uma bomba relógio. E o médico, minha senhora…

***

Desde muito novo que Mazarin pressentia este rasto atrás de si. O olhar das pessoas quando passava bicava-lhe as costas, e depois quando se voltava, os seus olhos súbitos, toda a gente a esconder a atenção nas pálpebras corridas. Dava pouco caso, na realidade, estava demasiado ocupado a investigar assombros e encantamentos. A mãe sempre tão embevecida, o meu Mazarin, e a irmã sempre resgatada da sua crónica melancolia por este irmão mais novo, só ânimo e audácia. O dia mais feliz da sua vida, quando foi receber a medalha de honra e bravura concedida a seu póstumo pai, herói da resistência, das mãos do próprio presidente, a mãe com os dedos trementes a fazer questão de lhe compor a gravata. E ele com as suas nas dela, deixe mãe, eu sei fazer. O pesar dela por não conseguir sequer coser a braçadeira com a bandeira francesa na manga do filho, e ele a antecipar-lhe o embaraço, não se preocupe mãe, ela com aqueles dedos que não lhe obedeciam a ajeitar-lhe o risco ao lado, sabendo sempre que desmanchava mais do que alisava. E Mazarin, frente ao espelho, não queria saber dos penteados, mãe, eu sou parecido com ele? E ela que sim, e ele ia a buscar a boina à partisano do pai e colocava-a sobre a cabeça, fazia poses, atravessava-a, colocava de lado a cabeça, imitava aquele sorriso indeciso que ele tomava por bravura, tal como lhe aparecia na fotografia. E naquele dia, a transbordar de excitação e de orgulho, a viagem a Paris, o desfile na passadeira, o Arco do Triunfo, as palavras honrosas sobre pai, executado pela Gestapo durante a ocupação, o discurso «aconteça o que acontecer, a chama da resistência francesa não deve e não será extinta»… Mazarin, sempre de olhos exaltados de patriotismo, não parava de reparar, de falar, de aplaudir, de acenar, de cantar a Marselhesa. Mas mesmo aí, enquanto curvava o pescoço para receber a comenda, as mesmas bicadas na cervical, aquela estranha sensação que nunca o largava, os rastos da sua passagem, os murmúrios, os mirares furtivos. Mas como podia ele deter-se nesses detalhes, se, ao virar-se, o olhar humedecido da mãe, a timidez embevecida da irmã, queria ele lá saber, se de medalha ufana ao peito, caminhava a dez centímetros do chão. Só uma coisa o constrangia, a atrapalhação da mãe que tinha de exibir as mãos enluvadas, os dedos deformados, que jamais lhe obedeciam, tentava aplaudir, mas as articulações dobravam-se ao contrário e quem lhe estendia o braço para um passou-bem recebia uns tentáculos desarticulados de polvo seco.

As três tias parisienses foram esperá-los ao comboio, mas logo se despediram depois da cerimónia. Mazarin reconhecia nelas a altivez austera do pai na fotografia, a única imagem que dele possuía, mas não o sorriso indeciso, aliás só gestos vagos e embaciados, as tias gostavam de guardar as distâncias daquela cunhada e sobrinhos, que ajudavam remotamente, desde que se mantivessem longe, no campo, e respeitassem a memória do irmão, herói da resistência. E sempre que desciam à aldeia, esperavam, com ostensivo enfado, que ele saísse de casa, antes de conversarem, e a irmã Benilda a puxá-lo por um braço, vamos, Mazarin, dar um passeio, e não tardava ele a puxar por ela, a espadeirar arbustos que eram tanques nazis e a alvoroçar galinhas que eram colaboracionistas, a aventurar-se nas colmeias e a comandar legiões de abelhas. Lembrava-se dessas tardes da visita das tias austeras que o beijavam com bicos de corvos, uma vez escapou-se da vigilância da irmã, tão lânguida das ideias quanto das pernas, e entrou na sala no meio daquilo que lhe pareceu uma discussão, e a mãe atrapalhada, com medo de ele ter interceptado alguma frase, a colocar-se à sua frente como se o protegesse, as mãos trôpegas dentro das luvas, e as tias a saírem, uma após outra porta fora, e Mazarin, tão pequeno, a amparar a cabeça materna, ela ajoelhada, a entornar-se em lágrimas, alagada em desgosto. O ambiente sempre se desnuviava quando aquelas três não estavam por perto. Há ausências que deixam tanto espaço livre, pensava Mazarin, que sem tirar a medalha, absorvia histórias antigas que ocorriam à passagem pelas ruas de Paris. O bistrot onde a mãe conheceu o pai, que antes de entrar na resistência era um estudante de contabilidade que sonhava tornar-se apicultor, a ponte sobre o Sena onde largaram panfletos, a esquina em que uma pilha de bicicletas abandonadas subitamente estorvou a passagem de uma coluna alemã… Tudo pequenos sucessos em que se jogava a vida. Bastante mais tarde, o grande feito do pai, a célebre bomba que retorceu caminhos de ferro e descarrilou vagões alemães, e fez dele o homem mais procurado pelos ocupantes, o maior herói da resistência. O passeio pela cidade acabava sempre no muro do fuzilamento. Benilda gostava de ali deixar flores apanhadas das bermas do Sena, Mazarin investigava com os dedos os orifícios na parede, alguns ainda com as balas encravadas, a pensar qual delas tinha atravessado o precário corpo do pai. Eu sou parecido com ele, mãe? Sim, meu Mazarin, acrescentando à mesma resposta de sempre o desajeito de uma festa de tentáculo de polvo seco, e ele exausto de emoção adormecia no embalo trepidante do comboio de regresso.

A mãe, olhando os dois filhos recostados, gostava de deixar Paris para trás, todos aqueles heróicos infortúnios, toda aquela gloriosa desventura, todo aquele rumorejo que a perseguia a si e ao seu Mazarin. A aldeia onde ninguém a conhecia era agora o seu lugar, pertencia ali, instalou-se e nenhum vizinho perguntou o que fazia naquelas humildes paragens aquela desconhecida com modos cosmopolitas que mal sabia usar a sachola, também ninguém nunca indagou das atrozes deformidades das mãos. Os pós-guerras trazem isto de bom, durante os primeiros tempos, todos são desalojados, tudo é despertença, tudo é desajuste, tudo é recomeço. Pensou que, mais uma vez, conseguiu furtar-se à curiosidade dos filhos e nunca lhes indicar o campanário que lhe serviu de cárcere. Uma cela tão estreita que tinha de dormir enviesada no chão, não mais do que uma copa para arrumos, baldes e esfregonas, e um óculo no alto, de onde lhe chegava uma claridade coada e os ecos distorcidos do mundo, como se estivesse ela abaixo do nível do rio. E o que era tormento, sufoco e aperto, tornou-se refúgio, a que ansiava regressar, a um aturdimento de abraço uterino. Arrastavam-na em ombros pelo corredor, as pernas lassas a deixar um lastro de barbatanas sanguinolentas pelo chão, tão dorida, tão ultrajada, tão exausta das noites sem dormir que aquele cubículo era uma suspensão no tempo, tréguas de combate. Resistir sempre cansa muito. Jogada no chão, dali já não podia cair mais, pensava, e trocava as dores físicas pela dor da saudade, mas pelo menos conseguia distinguir a facezinha da filha, tão sobressaltada, a brincar no chão, quando irromperam pela casa, homens só gritos e cuspo, ela sem se mexer, onde estava ficou, muito agarrada à boneca, enquanto vasculhavam todos os cantos aos pontapés e lhe levavam a mãe que gritava, não lhe toquem, só tem cinco anos, é uma menina inocente, não sabe de nada. Ninguém lhe prestou atenção, só queriam o paradeiro do pai, e só voltaria a ver a filha se o confessasse. Mas ela não estava com o marido há mais de um ano, desde o atentado ao comboio, as visitas tornaram-se mais esparsas, até ao total desaparecimento, apenas pequenos sinais da sua existência, inofensivos e que só ela compreendia, uma magnólia branca lançada da rua para a varanda, os acordes da música deles assobiados bem debaixo da sua janela por um rapazinho engraxador, biscoitos de gengibre, deixados num farnel à porta de casa, em forma de B, Benilda, e as letras que formavam os seus nomes sublinhadas no jornal que embrulhava o peixe… Que mais queriam que ela confessasse, era tudo o que sabia. E, furioso, o interrogador com tais bagatelas, iniquidades, todas aquelas delicadezas afrontavam a sua brutalidade. Todo o romantismo heroico corroía-lhe a má consciência de vilão. Ela disse-se apenas uma simples dactilógrafa, e o algoz a olhar com cada vez mais interesse para os seus dedos. Os olhos dele cravados nas suas falanges nervosas a empurrar para baixo o vestido, ela a adivinhar-lhe as intenções. A cada resposta que lhe desagradava, ou mesmo sem ser por nada, mandava-a estender os dedos numa tábua e com o cabo da pistola estilhaçava-lhe os dedos, que ele próprio a seguir consertava e alinhava com talas, podia passar-se um dia assim, quebrava, compunha e depois violentava. As mãos tão inchadas não lhe permitiam sequer segurar uma colher ou um copo. Lambesse do chão se quisesse, atirava-lhe o alemão, cheio de dentes e raiva, para logo a seguir se compadecer e dar-lhe à boca bocadinhos de caldo e golos de água. Na sessão seguinte, novo ataque de cólera, e o som dos ossos esmagados, que ele tentava, em vão, consolidar. Ao fim de quatro meses, soube por um carrasco que o marido havia sido executado muitas semanas atrás, e aí perdeu qualquer esperança de sair dali viva e de voltar a ver a filha, e era a própria quem batia com as falanges nas paredes, até desmaiar, só para impedir o verdugo de ter o prazer de a torturar, o que só lhe atiçava a fúria. Um dia, não sabe como, porque toda aquele tempo indistinguiu o sonho, o pesadelo e o desfalecimento, a porta da sua cela de arrumos estava aberta. O algoz fartou-se, enfim, de a supliciar, ou arranjou outra vítima mais intacta. Ela agarrou nos seus pedaços, saiu de pernas bambas para as ruas, ninguém reparou naquela mulher farrapo, meio despida em pleno inverno, havia muitas assim em Paris nessa época, a não ser alguns transeuntes, que desviavam os olhos daqueles trambolhos roxos que trazia dependurados no final dos braços. Encontraram-na desmaiada à porta de uma casa que cheirava a gengibre. Ela acordou uns oito dias depois, com Benilda aninhada no seu corpo, e as mãos engessadas. Queria agarrar na cabeça da filha, pagar-lhe ao colo, mas aqueles embaraços não lho permitiam. As companheiras teimavam que ela precisava de descansar, lamentavam o fuzilamento do marido, nem todos eram tão fortes como ela para resistir à tortura, e queriam saber se sentia dores, mas ela nem percebia do que as outras falavam, a dor habitava no seu corpo, como um inquilino vitalício. E exibia como duas luvas de boxe o gesso retorcido que tentava em vão consolidar o que reiteradamente fôra arruinado, mas os olhares das outras descaíam sempre para baixo, a barriga, tão prepotente, a empinar-se naquele corpo em destroços. Tens de te recompor, de ficar forte, para resolvermos esse outro assunto. Por isso, a mãe olhava com admiração para aquele seu filho, Mazarin, que sofreu tantos maus tratos na gestação e lhe aparecera uma criança que espalhava alegria e vivacidade. Na altura, as cunhadas tentaram de tudo, injecções de vinagre com iodo, quedas provocadas do cimo das escadas, espetos de agulhas de crochet. E espreitavam- -lhe entre as pernas, nada, nem um prenúncio de sangue, é da ruindade, está-lhe nos genes, rosnavam as mulheres, que exploravam toda a resistência da grávida à dor, para expulsarem antes de tempo o pequeno Mazarin, o intruso que forçou a fechadura. Era tarde demais para não nascer e assim aconteceu, poucos dias depois dos aliados libertarem Paris, e as ruas acometidas de voragens, numa esquina a felicidade, noutra a vingança. Muitos vizinhos viram aquela mulher a correr pelas ruas de mão nos bolsos, acompanhada pela sua filhinha Benilda. Os mais bizarros seres saíam agora à rua, de olhos piscos de reclusão. Queriam que ela reconhecesse o oficial que lhe massacrou as mãos, e a manteve quase meio ano na exígua cela, alguns deles despiam as fardas, e tentavam passar por civis. Mas ela não conseguia refazer a cara do torturador na sua cabeça, tudo era agora névoa, luz coada e desarrumação, a dor não se vê, sente-se, e apenas conseguir reconstituir uma boca com muitos dentes, nunca vi uma fileira de dentes como aqueles, pareciam falhas tectónicas que se entrechocavam e se derramavam uns sobre os outros. Ah, sim, e tinha pintas brancas nas unhas. Ambas as informações muito pouco úteis, concluíram as cunhadas, confirmando uma debilidade mental que já lhe diagnosticavam. E decidiram tudo por ela, amarrariam uma atadura com folhas de repolho ao peito para lhe secar o leite, deixariam o bebé despido, no soalho, junto a uma janela aberta. A mãe obedeceu, como sempre costumava fazer, parecia-lhe que a mulher que foi, operacional da resistência armada, se havia anulado naquele cubículo de guardar esfregonas e vassouras, não voltaria a ser a mesma, menos que lixo, uma fuligem, que um mero espanador dissipava, assim se sentia, e não era só por causa dos ossos estilhaçados, da imprestância das falanges para a dactilografia, mais pena lhe fazia por não voltarem a premir o gatilho. Quando saiu de casa para deixar morrer o filho, naquela manhã, o leite pingava, apesar das malfeitorias das irmãs, deixava-lhe auréolas no vestido, sentia pontadas agudas como se a espetassem por dentro, a lembrar-lhe do pequeno indefeso, largado ao frio e à morte, andava para a frente, mas sempre a cabeça se voltava para trás, o meu menino, desatou a correr de regresso a casa, o meu menino, ela de mãos nos bolsos do casaco e as pernas a levantar o casaco. Quando chegou, Mazarin roxo de hipotermia e fome. Já não chorava, um olhar vazio, a criança declinava aos poucos para um lugar profundo, como as tias planearam, a respiração tão sôfrega deixava-lhe um buraco cavado no fundo do externo. A mãe despiu-se, juntou- -o pele com pele, Benilda transportava chaleiras de água quente para uma tina, onde mãe e filho se recompunham. Mazarin primeiro aquilo que pareceu um suspiro, depois um miado de gato, depois um choro forte e indignado. Foi aí que ela percebeu que o filho queria mesmo viver. E exigia esse direito. Foi exactamente assim que explicou às tias, enquanto lhe dava de mamar, sem qualquer hesitação, enfrentando-as às três, recuperando a firmeza com que disse eu não digo nada ao oficial alemão, o menino queria mesmo viver, Mazarin quer viver. E elas só por cima do nosso cadáver, e ela, pois seja. E elas, queremos esse pequeno bastardo fora da nossa vista. E ela, pois seja.

***

No consultório, o médico com a irmã Benilda, por detrás do biombo, ora vamos lá ver o que temos aqui, Mazarin e a mãe inquietos, sentados, a ouvir os gemidos da irmã e o médico, e aqui dói, e agora aqui, entreolhavam-se preocupados, mas sempre na frente da irmã, o mesmo sorriso optimista, cheio de dentes irreverentes e sãos, que com a idade tornavam o seu riso irresistível, se bem que mais raro, agora, concentrado no seu ofício de apicultor, do pai ganhara o gosto e a gentileza de lidar com abelhas, sem gestos bruscos, sem sopros, sem gritos, à sua volta congregava enxames, gratidões e amizades, e agora esta preocupação com a irmã, que um rim flutuante nunca detectado na adolescência, comprometia todo o organismo, o médico, ora vamos ver o que temos aqui, e Mazarin e a mãe expectantes, um tratamento drástico, muito drástico mas salvador, ainda pouco testado em França, mas uma vez que ela tinha um irmão saudável, havia fortes probabilidades do órgão transplantado não ser rejeitado, Mazarin não sabe o que foi, talvez um gesto involuntário que deixou as mãos da mãe tombarem na secretária com estrondo, de súbito o rasto, as bicadas nas costas, os murmúrios, o desprezo das tias, os casulos e ninhos de musaranho que parasitam durante anos um rolo de lã de uma ovelha tresmalhada, o que fizeste de mim, mãe? O médico minha senhora… a mãe sem o encarar veste-te, Benilda, já não temos nada que fazer aqui, minha senhora… mãe, sou parecido com ele, mãe?

* Nota: Apesar de ser considerado um crime de guerra, não
houve uma única condenação por violação nos Julgamentos
de Nuremberga. Talvez, porque também os aliados a praticaram.
Ao longo da história, a violação em massa das mulheres foi
usada uma arma de guerra altamente destrutiva, barata e
muito eficaz, por arrasar simultaneamente o físico e a alma,
e arrastar famílias inteiras. Recriminação social, auto-repulsa
traumática, crianças «etnicamente» impuras, vitaliciamente
prova de um crime infame… Ainda hoje, setenta e cinco anos
depois da Segunda Guerra mundial, se encontram na internet
anúncios de uma geração velhos homens e mulheres
que buscam a sua origem paterna.