Ana Maria Freitas- Uma carta de Fernando Amado a José de Almada Negreiros

Fundación Ortega MuñozEnsayo, SO4

ANA MARIA FREITAS

UMA CARTA DE FERNANDO AMADO A JOSÉ DE ALMADA NEGREIROS

Existe, no espólio de José de Almada Negreiros em posse da família¹, um conjunto de cartas de Fernando Amado cuidadosamente guardadas ao longo de décadas, restos de um diálogo entre duas figuras importantes da cultura portuguesa ligadas pela amizade, pelo convívio frequente e familiar e pela colaboração artística. De longa extensão, entregues por mão própria e sem data expressa, as cartas constituem uma espécie de continuação do diálogo iniciado num serão ou numa conversade café. O tempo pensado próprio da escrita confere a estes textos um carácter próximo do ensaio, com outra estes textos um carácter próximo do ensaio, com outra estrutura e ponderação. estrutura e ponderação.
Fernando Amado (1899-1968) desempenhou um Fernando Amado (1899-1968) desempenhou um importante papel no teatro português. Foi encenador, importante papel no teatro português. Foi encenador,autor de mais de três dezenas de peças de teatro, pro- autor de mais de três dezenas de peças de teatro, professor de Estética Teatral e de Arte de Representar fessor de Estética Teatral e de Arte de Representardo Conservatório Nacional, fundador da companhia de do Conservatório Nacional, fundador da companhia de teatro do Casa da Comédia e director das companhias teatro do Casa da Comédia e director das companhias do Teatro Universitário de Lisboa (1955-58), do grupo do Teatro Universitário de Lisboa (1955-58), do grupo de teatro daparóquia de S. João de Deus (1956-58), de teatro da paróquia de S. João de Deus (1956-58), e da Academia dos Amadores de Música (1960). Es- e da Academia dos Amadores de Música (1960). Escreveu muito sobre teatro, mas muito também sobre as creveu muito sobre teatro, mas muito também sobre as grandes questões ideológicas de uma época em que grandes questões ideológicas de uma época em quecomunismo e fascismo se apresentavam como as duas comunismo e fascismo se apresentavam como as duas soluções antagónicas para um futuro utópico. Interes- soluções antagónicas para um futuro utópico. Interessava-lhe especialmente o lugar que cada um destinava sava-lhe especialmente o lugar que cada um destinava ao Artista e à Arte. ao Artista e à Arte.
Monárquico convicto, Fernando Amado teve uma apro- ximação episódica ao integralismo lusitano e, anos mais tarde, ao movimento português dos Monárquicos Indepen- dentes. Nos seus escritos políticos no semanário cultural Aléo, nos Cadernos Políticos das Edições Gama, na sepa- rata da Revista “Cidade de Coimbra”, muitos reunidos na obra Sinais de Campanha, defende-se uma terceira via, longe das duas grandes opções ideológicas do tempo, baseada na valorização de simpatias, afinidades, ritos e tradições. Num texto com o título “Para uma política da liberdade” clarifica esta sua concepção de sociedade:

Tornados então os homens solidários pela própria existência, pelos modos de vida, prática de afectos, prestação mútua de serviços, consecução de interesses comuns, guarda e fomento de heranças, por actos predestinados de conciliação com a Cidade a que pertencem, e que na medida em que a servem lhes pertence, e assim da natural colaboração – não de empenhos solenes para uma superestrutura ideológica – tirando o sentimento de res-pública – veja-se como, já libertos no que toca a opiniões e preferências, já trabalhosamente situados na circunstância, com uma presença que de longe lhes é dada , eles poderão dispensar-se de vigilâncias frenéticas (diversos de outros a quem, por não serem co-participantes do destino, a obra republicana é exterior, mera projecção de vontades), e eximir-se a essa tirânica mística de oposição, a esses dilemas de consciência em que se enerva o patriotismo e a personalidade se dissolve.

(Amado, 1950:15-16)

1. Espólio a ser estudado e catalogado no âmbito do projecto “Modernismo online - espólio virtual da geração de Orpheu”, iniciado em 2011.

A amizade com José de Almada Negreiros vem de longe, dos tempos da revista Orpheu, quando se deixou entusiasmar pelo futurismo que influenciou o seu primeiro texto dramático, com o título O Homem Metal (1916). A convivência entre ambos e entre as suas famílias era assídua. A leitura desta correspondência revela, para além da intimidade e do afecto óbvios, a necessidade de trocar ideas sobre Arte e sobre política.
A colaboração entre os dois viria a ser longa e profícua. No texto da carta, Fernando Amado diz temer que a desejada colaboração entre ambos nunca viesse a acontecer, pois surgira uma diferença de opiniões que, a partir de ocorrências durante a guerra civil de Espanha, se estendia às posições ideológicas de ambos. No entanto, uma década mais tarde a colaboração inicia-se e assume um formato próximo do diálogo epistolar aqui descrito. Em 1946, no Centro Nacional de Cultura, os dois participaram em sessões com o título “Diálogo entre Almada Negreiros e Fernando Amado”, publicadas em 1951, na revista Cidade Nova. Na década seguinte, as sessões de debate entre ambos, no Centro Nacional de Cultura, continuam.
Em 1949, no Teatro do Salitre, a colaboração aprofun- da-se. Almada faz os figurinos para a peça Casamento das Musas, de Fernando Amado, que encena, em estreia absoluta, Antes de Começar, de Almada Negreiros, com figurinos de Sarah Affonso. Amado volta a encenar esta peça de Almada várias vezes, duas das quais em 1956, quando dirigia o Teatro Universitário de Lisboa.
É aí que, em 1960, no fecho da semana dedicada a Fernando Pessoa pelos 25 anos da sua morte, é reposta a peça Antes de Começar, juntamente com três peças breves de futuristas italianos e com O Marinheiro de Pes- soa. Almada deu a sua colaboração com “apontamentos cenográficos e de indumentária”.
De 1963 a 1965, são encenados, na Casa da Comé- dia, sete espectáculos, um dos quais a peça de Fernando Amado O Iconoclasta e mais uma versão cénica de Antes de Começar, de Almada. Nesses dois anos, Fernando Amado encena ainda Deseja-se Mulher, tendo Almada acompanhado todos os ensaios e revelado entusiasmo com o resultado final.
A carta aqui transcrita é datável de 1936, através da referência à morte recente de Maximo Gorki (18/6/1936). O tempo fez, infelizmente, desaparecer as cartas que José de Almada Negreiros enviou ao amigo, mas depreende-se o seu conteúdo pela metade conhecida do diálogo. O momen- to histórico, anterior à hecatombe da 2a Guerra Mundial, que se aproximava a largos passos, e ao confronto com a a capacidade humana para o mal absoluto em nome de e ideologias, condicionava os olhares lançados ao conflito em Espanha. Almada Negreiros escrevera-lhe chocado com as notícias das atrocidades praticadas durante a Guerra Civil, em Espanha. Para Fernando Amado, a reacção de Almada Negreiros à notícia das atrocidades é intuitiva e sentimental, pois isola o acontecimento das circunstâncias, não analisa o conjunto. Tal como Shakespeare e Petrarca, Almada reagiria como “um homem que se encontra entre homens e escuta o bater do coração” e esquecia contingên- cias mais vastas. Fascismo e Comunismo, as duas grandes ideologias antagónicas, dividiam o mundo ocidental, que se transformara, segundo Fernando Amado, num campo de batalha por valores civilizacionais. “O Diabo que escolha entre as duas partes”, afirma a dada altura, pois nenhuma corresponde ao seu ideal de uma revolução de carácter hu- mano que viesse unir os mundos da matéria e do espírito, conciliando uma tradição europeia, aristocrática e persona- lista com os legítimos direitos dos trabalhadores. Conside- rando que esse momento utópico ainda vem longe, Amado r rejeita sobretudo a sociedade comunista onde “há lugar r para um engenheiro, nunca para um filósofo ou um poeta.” O livre trabalho de um filósofo ou de um poeta teria de se conformar com directivas que nada têm a ver com a Arte.
Um livro cuja leitura Almada Negreiros lhe recomenda- ra, com o título A Ferrugem Vermelha, suscita-lhe amplas críticas. Trata-se da tradução da primeira peça de teatro de Vladimir Kirshon (1902-1938), escrita em colaboração com Andrei Ouspenski, em 1926. Konstantin Terekhin (título original) foi traduzida do russo e estreou em Lon- dres, em 1929, sendo considerada a primeira peça so- viética a ter chegado aos palcos londrinos. O título da versão inglesa é Red Rust, o que deu origem ao título na versão portuguesa. A subalternização da Arte à ideologia, a redução do artista, do filósofo ou do poeta ao papel de parasita social, aspectos revelados pela obra, chocam Amado. Aqui estava, considera ele, a fundamentação principal para a sua rejeio total do Comunismo.
As figuras implicadas, o lugar que ocupavam na comunidade intelectual da época, as circunstâncias de tempo e de lugar nações  a dilacerar-se, um país sob um regime ditatorial com um país vizinho em violento processo de guerra civil – tornam esta carta um testemunho importante, merecedor de uma leitura atenta.

Referencias

Espólio de José de Almada Negreiros e de Sarah Affonso.

AMADO, Teresa, “Fernando Amado”, in AAVV, Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português, coordenação de Fernando Cabral Martins, Editorial Caminho, Lisboa 2008.

AMADO, Fernando
Sinais de Campanha, Edições Gama, Lisboa, 1947.
“A
3a Posição”, Cadernos Políticos I, Edições Gama, Lisboa, 1948 “Para uma política da Liberdade”, Separata da Revista “Cidade Nova, Coimbra 1950.


Meu caro José

A sua carta, que recebi bastante atrasada (quasi uma semana), é um ardente e generoso desabafo peranste as atrocidades cometidas em Espanha. Como tal lha quero agradecer, pois sei que com tamnha liberdade v. não costumafalar com muita gente.
E no entanto, porque não di
zê-lo?, tive ensejo de recordar com saudade outras cartas suas, em que o seu espírito se revelava, movendo-se em torno de ideias transcendentes e simpáticas. Até o seu estilo, linha habitualmente tão pura, sofreu agora com a escolha do assunto.
N
ão serei eu a espantar-me. Um dia pediram-me que escrevesse um artigo sobre finanças, a propósito de Salazar. Escrevi-o quasi de arranque, debatendo-me "comme un diable dans un bénitier". O artigofelizmente nao foi publicado; saíra péssimo. E a razão está em que abomino a matéria financeira, com uma antipatia espontânea, temperamento. Não se pode perceber verdadeiramente senão duma coisa deque se gosta. V.  não gosta de política; é natural que não perceba de política. O contrário seria paradoxal.
Só tenho pena que, pelo modo por que v. diz honrar-se em nada perceber de política, pareça desaprovar os que se orgulham duma atitude inversa, tanto mais que, sendo eu um deles, um pouco da sua desafecção há-de recair sobre mim.
De resto, eu compreendo que a su carta é um acto de lealdade, veemente como todos os actos de leldade. Isto foi para mim tão sensível que, logo às primeiras frases, receei que , no fogo do discurso v. sem querer me ferisse: não, ja se vê, na minha amizade, e apenas nas minhas convicçes. Quando cheguei ao fim, repirei.
Ah Meu caro José, como foi inútil v. referir-se á sua sinceridade! Se ela vibra em cada uma das frases! Ma, vê
vc., se em Arte a sinceridade é quasi tudo, a sinceridade em política, sobretudo na boca de um artista feito comov. é, pode ser mais do que insuficiente, porque desproporcionada ao objecto em questão.
Em Arte pode dizer-se: reflecti, ou meditei, ou apelei para os tesouros da minha sensibilidade - realizei a obra sinceramente.
O artista pode assim falar porque é dentro do seu peito que a Arte se form. A intuiçã
o abre no artista mundo incomensuráveis, de que ele é ao mesmo tempo snhor, intérprete e único juiz.

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A política, porém [,] é uma ciência - ao menos no elementos básicos, com que joga o homem de accão. E se o temperamento do artista e o caminho especial seguido pelas suas indagações, o não levaram ao contacto com os factos político: día à dedução das causas e efeitos; depois ao descobrimento das leis; e por fim a uma espécie de visão panorâmica daquillo a que se chama uma sociedade - será pela sua pr´pria sinceridade atriçaoado e positivamente vendido.
V. o confessa com clareza na sua carta. A sua intuição levaço a reconhecer os erros e os absurdos da actual engrenagem poñitico -scial. Não por conhecimeinto, ma porque esse erros e esses absurdos o magoam na sua carne.
A sua posição, perfeitamente legítima e de acordo com a sua Arte, é sentimental, quero dizer, alheia a quaisquer conclusões de investigação objetiva. No fundo, v., como artista, nã pode enganar-se; cada um dos seus gritos de alma envolve uma profunda verdade humana - porém expressa em linguagem de Arte, sem correspondência imediata, por vezes sem equivalência com as realidades concretas da política.
V. fala dum pronto de vista abstracto, deligado de toda a espécie de contigências, indiferente ás deteminações do tempo e do espaço, como homem que se encontra entre homens e escuta o bater do próprio coração.
É sem dúvida um ponto de vista eminentemente pético. A certos poetas, todavia não convém: são os que, preocupados com o problema da convivência, procuram dar-lhe solução, aceitandoos lados fornecidos tanto pelo exame directo dos factos como pela experiência histórica, guiados pela paixão da universalidade, resolvem-se a penetrar na selva dos interesses humanos, nobres emesquinhos, a ver com nascem, crescem, interferem, funcionam, no intuito de colher elementos para clamar com segurança uma ordem social favorével às exigências do espírito.
À primerira vetogoria pertencem, por exemplo, Petrarca, Shakespeare; à últim, por exemplo, Dante e Goethe. Uns entregam-se mais à intuição e à inovação; outros à observação , indução edescoberta. Aqui e ali, as coisas de Arte nada terão que sofrer, desde que no peito do poeta haja o culto verdadeiro da Pesi.
A que vem este preâmbulo, meu caro José? A pretender explicar a distância que fatalmente nos separa logo que abordamos a política. V. fala então com a liberdade irresponsável dos homens que não têm de intervir, ao passo que eu, levado precisamente pela minha natureza a intervir, e pelos meus estudos e investigações a timar iniciativas, faço a figura prosaica de alguém que, em terreno perigoso, procede com cautela, não raro tropeça, levanta-se, volta atráz  experimetna novas pistas. E no momento em que v. se isola, eximindo-se direito aos rigores da peleja, forçoso me será porventura combater com as armas exigidas pela ocasião, resistir, defender, em suma, no campo das realidades concretas, uma parcela da verdade universal.
Dante, por amor da civilização, tomou partido na contenda entre Gibelinos e Guelfos. Mal me ficaria, com tal exemplo, envergonhar-me de escolher entre o Comunismo e o Fascismo, desde que se tornasse a escolha necessária, e que, depois de feita eu a pudesse explicar em harmoniacom as razão da inteligência e do coração.

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De resto eese problema está para mim de há muito resolvido, e com tamnha evidência e serenidade, que assim eu quisera que outros estivessem também. Entendamo-nos. As significações quev. empresta à palavras Comunismo e Fascismo são incorrectas, pois correspondem a realidades fictícias. Foi uma das victórias de Moscovo, e não das menores, conseguir que a opinião pública mundial aceitasse uma terminologia simplificada, grosseira, mas expressiva, apta a estabbelecer nas alma a confusão e abrir campo à faina de habilíssimos agitadores.
Com efito, milhõ
es de creaturas estão a estas horas convencidas de que o género humano se divide politicamente em duas categorias: uma a dos conservadores, partidários da ordem, banqueiros, snhorios, generais, sacerdotes, aristocratas, gente agarrada a privilégios, inimiga de quaisquer alterações ou evoluções da sociedade; a outra, a dos operários e, dum modo geral, dos artistas, homens de ideal, reclamam a  abilição dos priveilégios e preconizam profundas transformações da ordem existente. Dum lado, pois, a velha Reacção, estagnante, decrépita. Do outro, a jovem Revolução proletária, Ardente, generosa, a qual supõe uma empresa arriscada decerto, talvez de começo catastrófica, mas humana, justicaira e possivelmente salvadora. Milhões de creatura se encontraram, pois em presença de um lema: ou o egoísmo reles, infamante e a adesão ao Fascismo, ou o altrísmo desvairado, o salto no desconhecido, e a adesão á disciplina soviética.
O Diabo que escolha entre as duas partes. Gracás a Deus os termos do dilema são absolutamente falsos. Nãose trata nem de egoísmo ou altruísmo, nem de espírito burguês ou operário - pobres burgueses e pobres operários!Trata-se de saber se a Europa contém ou nV em si-mesma energias espirituais bastante para triunfar duma tentativa de vassalagem desencadeada, com extrema tenacidade e admirável subtiliza, pelos eslavos e mongóis. Estão em jogo culturas, duas civilizaçõe, duas morais, duas interpretaçõe s do homem empenhando dois continentes, Europa e Ásia. O conflito portanto, esá-se dando, em formidáveis proporçõe s, e cada vez com mais violência; no entanto não é pelo troar do cnhão que ele se há de resolver.
Nunca a Europa este tão próxima dum aniquilamento total como nos primeiros anos depois da Guerra, quando Lénine fundava a pátria proletária, num ambiente de sangue e de misticismo, e que sua voz profética ecoava nas almas comoa do Anti-Christo. Nunca, nem no século V com Attila, nem no século IX com a invasão maometana.
Quanto a representar pelas palavras Comunismo e fascismo as duas ideias opostas, não vejo nisso inconveniente, contanto, que se evitem equívocos e confusões e numa e noutra se concentrem os valores que sirvam a esclarecer a questão.
Em Espanha não há propriamente emabte do Comunismo e do Fascism, mas sim Comunismo e dum conglomerado de forás anti-comunistas - o que é diverso. Compreendo, José a veemência do seu protesto ante as atrocidades que a Radio e o Telegrafo nos transmitem. A diferença entre nós e que v. está abismado de surpresa, eu não. No cinjunto eu tinha previsto (afóra os casos isolados de perversidade mosntruosa), as consequêcias da vitória em Espanha da Frente Popular. A História repete-se não há duvida; as mesmas causas produzem invariavelmente os mesmos efeitos. E o andas dos séculos não modifica a essêncua da natureza humana que em todas as épocas a demagogia perturba e enfurece, despertando, com o aumentar dos apetites, paixõe  deveras bestiais. (Não esqueçamos que o homen é anjo e besta).
Aos desmandos da anarquia sucede a repressão pelas armas. É o processo lógico, irresistível. Veja a Grécia, o Império Romano da decadência, a REv, Francesa de 89 e depois a Comuna, a nossa rev. de 1910, cortada pelas acções militares de Pimenta de Castro, Sidónio e Gomes da Costa.
O casi espanhol complicou-se, é claro, com a intervenção de Moscovo, que soube exarcerbar a fúria demagógica por meio damística soviética. A palavra de ordem parece ser: lutar até à morte e por cima de toda espécie de cadáveres, inclusiva o da prórpria Espanha. Está em jogo o destino da pátria prolétaria.
É possível que uma complicção, mais grave ainda, surja da parte dos alemães, que se julgam destinados pelo Providência a esmagar a hidra vermelha. Teríamos então então a desditosa e nobre Espanha transformada numa liça, onde Hitler e Staline ajustariam contas.
Suceda oq eu suceder, e digam o que disserem as agências interessadas, a guerra civil espanhola não é entre o Comunismo e o Fascismo.As Falanges, entre cujos membros alguns se encontrarão com a consciência do ideal fascista, representam como uma gota de água num oceano. O movimennto - tanto quanto se pode ajuizar fóra das fronteiras - de carácter militar e de vistas curtas: derrota material do Comunismo, com o completo extermínio das milícias vermelhas, se preciso fôr; substituição da desordem pela ordem a tiros de peças de artilharia.
O povo espanhol que é o mais tradicionalista dos povos, e também o mais brioso e o que tem o génio mais independente, sentiu o pesa da garra bolchevista, que ia desfigurando o vulto da nobre Nação. Esse, em grande maiori, aclama o Exército libertador, canta, dança e réza. Mas o que será o dia amanhã? Não basta a vitória militar. Como receberão as elites esta reedição da Ditadura de Primo de Rivera?
A solução, a meu ver, não será definitiva e verdadeiramente libertadora, se uma ideia, uma doutrina inteligente, humana, vital não vier em auxílio dos generais.
Por ora não ouço, do lado dos rebeldes, senão gritar: Abaixo o comunismo! Viva a Espanha! É pouco. Convém meditar sobre o prestígio e as possibilidades extraordinárias da mística e das organizações soviéticas.
Dizem algun: A Revoluçao comunista foi inventada para escravos, para massas humanas reduzidas aá condição de rebanhos. E confiam no poder convincente da verdade. Acho que é demasiado optimismo. Porque, justamente por ter içado a bandeira da revolta dos escravos, e por ter assim tomado, à luz do sol, o partido da plebe (não digo do povo) contra toda a espécie de aristocracias, - a Rev. comunista, negando cinicamente o passado em globo, e fazendo tábua rasa da cultura e da civilização, não conhece entraves; poder ser cínica sem remorsos; pode orgulhosamente apelar para os sentimentos da inveja e da vigança; propor ao mundo um novo tipo de hrói, violento e boçal, chamar vício à virtude, que prncípio moral poderá detê-la, se ela começou por se exercitar saltando por cima dos altares?
Em cem homens não haverá um decerto bastante protegido pela fortuna para se incluir a simesmo entre os conservadores. Os outros 99 são, portando, candidatos ao Comunismo, e 90 pelomenos, tocados pela miséria têm senão a ganhar com uma metamorfose social.
O medo não os fará recuar, nem, na maioria dos casos, o patriotismo ou a religião. PAra arrancalos para fora do círculo trágico do Comunismo, é preciso convencê-los por meio de uma promesa, forte, penetrante, apoiada em sensíveis razões. Em suma, a Rev. ciomunista nõe  poderá ser vencida nas almas senõe  por outra Revoluçõe  també social - promovida nos mundos da matéria e do espírito -, também projectada no futuro, e que saiba conciliar a tradiçõe  europeia, aristocrática e personalista, com os legítimo direitos do trabalho.
Chegadas as coisas ao ponto a que chegaram, e visto que se torna indispensável recontruir de novo, a Revol. a que aludo nõe  apenas política e social, mas universalmente humana.
Ve v., meu caro José, o que me impressiona no bolchevista, mais do que a cínica arrogância e a crueldade, é a falta de curiosidade, o desprezo pelas quesões universais. Ora, eis aí o sinalcaracterístico do bárbaro. Ele cede ao instinto. Não dá importância à tarefa desinteressada, aos frutos puros do conhecimiento. Numa sociedade comunista há lugar para um engenheiro, nunca para um filósofo ou um poeta. Quero dizer que o trbalho -o livre trabalho- dum filósofo ou dum poeta não corresponde ás necessidades duma sociedade, que se regula pelos apetites e aspirações do operários. O direito à vida está relacionado, em modo directo ou indirecto (engenheiro) com a produção. O intelectual tem de defender-se da acusação de parasita.
No entanto há quem perdoe aos bolchevistas esse materialismo feroz, pela ardente vontade de libertação que neles transparece. V. próprio, Jose, não se mostra inclinado a pesar assim? Nãofoi como prova de generosidade para com eles que v. me recomenda a Ferrugem Vermlha? Aliás,, comprendo mto bem o seu interesse por um punhado de homens e mulheres, que reividicam as responsabilidade de contrutores dum mundo nove e que raivosamente atacam os preconceitos, todos preconceitos, mesmo aqueles que florescem à sombra dos mais fascinantes ideais.
Sim, essa é a impressão com que deve ficar o leitos desprevenido da Ferrugem Vermelha - categoria à queal, confesso, já não pertenço. Uma política de há tempos que combate a ingenuidade. Faco por andar mascarado, como dizia Descartes: Larvatus prodeo. Não me deixei seduzir poraquelas personagents, de caracteres primitivos, que se apostrofam cara a cara, com desenvoltura veemente: Bandido! Pulha Canlaha!
De resto, a peça pouco tem que ver com a Arte, excepto aqui e ali alguns achados de técnicateatral (sobretudi no 1º quadro).
Quanto à ansia de libertação sentimos que não é desinteressada. Rasgam-se, como fatos velhos, as paraxes, as convenções burguesas, mas nõe para se descobrir a nudez natural. Ah Nõe é a humanidade que ali se procura. É ante a confirmação de uma derrota, e apologia duma vitória.
Procura-s a derrota, visível, palpável, absoluta do sumbólico burgues; e, não obstante o ceptiscismo dalguns transviados, o prestígio vitorioso da doutrina comunista, istoé, a vigança proletária.
O que há de universal no Bolchevismo é esclusivamente de índole política e gira em torno da fórmula Ditadura do Proletariado: as repúblicas soviéticas ocupando as 5 partes do munod. Maisnada. O resto da doutrina é pontos de vista opiniões, processos de conduzir a guerra de classes intruçõe s para a propagand, técnicas de intuitos políticos, desligados de quaisquer considerações.

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Trascendentes impostas, ditadas pelas circuntâncias, que, aliás ao sabor das circunstâncias variam e até se alteram por completo.
O stakhanovismo, por exemplo, introduzido por Staline com o fim de aumentar o rendimento da produção, nega um dos pontos capitais das teorias de Karl Marx e um dos preceitos de Lénine. O contraste flagrante . Mas como a palavra de ordem é "lançar" o stakhanovism, o verdadeiro comunista deve fingir que toma gato por lebre.
Não tenho, claro está, simpati pela violênvia. Mas admito certas intolerancias, obrigadas motivos superiores. Em política  o motivo superiro chama-se razão de Estado. (Eu ia agora falar de D. JoãoII, mas isso me desviaria para longe) - De modo que, ainda que me não entusiasmasse, eu compreenderia um Re., feita em nome da liberdade, e que esgotasse as possibilidades do individualismo até últimos limites da anarquia.- Que belo tema poético para Nietzsche!
Mas nada de semelhante com os soviets. A Rev. russa é colectivista, não individualista. Os individualistas que se deixam encantar vão atraz da tal fúria de libertação, mais teatral que real, e que, de resto, traduz principalmente a arrogância de mentalidades inclultas, que embriaga uma repentina rajada de independência.
Ninguém, com efeito, menos anti-conformista do que o verdadeiro bolchevista. Ele desconfia (como o britanico num lupanar) dos centros de reunião onde se costumam trocar ideias e onde portando se podem fabricar heresias. A bagagem intelectual, no tocante e ideias geris, recebe-a ele, acabada e perfeita, do Directório do Partido. E como, variando a doutrina, a discussão se torna uma prática imprudente, ele deve evitá-la, mesmo de si para consigo; pois que o pensar destrói a fé. O que conta, o que vale é a palavra de ordem, transmitida do chefe ao soldado vermelho e militarmente executada. Por pouco que ele ceda ao demónio do raciocínio, arrisca-se a que a dúvida entre com ele. Cai sob a suspeita de intelectual. Assim, na Ferrugem Vermelha encontramos o desgraçadoPiotr, que tenta suicidar-se, desorientado (temos o direito de supor) pelas acrobacias doutrinárias do Comité Central, bem como pela visão íntima sa su aprópria inutilidade, dele Piotr. - Percebe-se, no fundo [,] que só o operário comunista pode ser fie, porque só este, indiferenteà ideia, ao imperativo da inteligência, sesatisfaz com as batalhas e conquistas materiais: desconformes reprêsas, centrais eléctricas, imensos falasntérios, tractores, fábricas de automóveis, e, em suma, a colecção de "gigantes", com os chefes deslumbram as massas, à maneira de panos vermelhos agitados à cabeça do toiro.
A profunda, e quasi alucinada desorientação dos meios intelectuais não a esconde, de resto, o autor da peca. Como na alta sociedade americana, a embriaguez serve a esses pobre rapazes de refúgio contra os fantasmas que dia e noite lhes invadem as conciências: Mas afinal que andas tu por aqui a fazer? Onde está o mundo novo que pretendes contruir?
Se a sinceridade do comunistaé pura, humana, es´ta perdido. Temos o caso de Piotr e o de Fedor o apaixionado de Nina, insconciente discípulo de Tolstoi. Agora, se é um comunista 100 por cento, se conseguiu abafar os preocupações humanas sonb a dura fé proletária, a vida será para ele cheia de facilidades; e por mais indigno, por mais inhumano que se mostre publicamente, a ele quais nõe terá pega sobre ele. Veja Terekin, o herói da Ferrugem Vermelha. Entra em toda a parte como dominador, fala de alto. A maior parte dos rapazes temem-no. Acompanha-o uma espécie de invilabilidade. Porque Terekin, no fundo, é um verdadeiro comunista. A sua concepção do amor livre é comunista. (Fernia e Fedor, que acreditam no casamento, são burgueses.) Naquela alma depravada, presisposta ao crime, há só lugar para um culto supersticioso: o do Partido, do Comité Central, e para lá se volta, não vendo mais nada para além(por onde se percebe como o materialismo comunista acaba por divinizar o Estado)- para lá se volta, como em última intância, o chistão para Deus
Repare, José, que o autor não tem coragem de levar a paça até à sua conclusão lógica: a condenação de Terekin. A coisa fica no ar No1º julgamento, a que assistimos, embora as presunções sejam todas a demonstrar o assassinato, o tribunal divide-se. Porquê? Porque a doutrina, no fundo, é favorável a TErekin. Foi talvez um pouco longe demais , na sua ânsia de libertação. Mas uma dondenação formal poderia comprometer os juízes.
Percebe-se que autor está pisando terreno perigoso. Um passo mais à frente seria temerário. A disciplina soviética entra em acção. E que disciplina! Uma disciplia de ferro, proporcionada às exigências dum sistema político totalitáriao, isto é, que diz, respeito à totalidade dos homens e dasactividades humanas. Em nome da Ditadura do Proletariado, o direito de intervenção do Comunismo não tolera restrições. Os actos, os sentimentos hão  de sujeitar-se a determinadas directivas - tanto na vida públcia como na privada. Encontramos a propósito, ainda na Ferrugem Vermelha, um exemplo edificante, durante o julgamento de Terekin. Um dos comissários mostra-se escrupuloso. Então, outro pergun-lhe se a doutrina exige aou não interferência na vida privada; e o primeiro inclina-se. De facto, o olho de Moscovo tem o direito de espreitar pelas fechaduras. Vemos, pois, a indiscrição, a delaçãoe, por último [,] a espionagem , erigidas em leis sociais. Eis, sem dúvida, o polo oposto da ética chistã.  A nossa civilização ocidentalrespeita tanto o segredo da conciência, que só nas igrejas, debaixo da manta inviolável dum sacramenteo, a alma á convidada a pôr-se a nú.
O santo, o herói, o poeta, os que vêm a este mundo com a vocação da vida interior, como poderiam eles respirar nessa armosfera côr de chumbo e sem horizonte! E deveras a Arte russa está enferma. Aguenta-se devido´à poderosa originalidade do polvo, más tolhida e contrafeita. A única Arte tolerad é a Arte oficial, de propaganda. Os temas entre o quais o poeta é obrigado a escolher não variam, os caminhos que ele tem de trilhar perderam já de há muito para ele  o encanto do deeconhecido, do inédito. A violência dos processos de Arte mal pode disfarçar a trágica monotonia do assunto.
O artista soviétio está, como o operário, ou como o homem de sciencia, na situação moral dum funcionário, de quem o Estado exige determinada tarefa, seguindo a orientação reclamada pela política do moment. É possível - e a Ferrugem Vermelha nos leva a crer - que a Arte produzidanas células comunistas não seja toda ortodoxa. Pode mesmo admitir-se que em geral o não seja. Asautoridades farão então vista grossa, não decerto por magnanimidade, mas talvez pela certeza, que a experiência lhes deve ter incutido, de que em política são indispensáveis as válvulas de segurança. Deixe a micidade exalar o seu inocente scepticismo,entre taças de vodaka e nuvens de fumo. Não será daí que há de nascer a tempestade que fará tremer o Kremlin. De resto, a cada canto há um espião - na Rússia dá-se-lhes o nome de informadores.
É da essêmcia da doutrina comunista relegar o intelectual ao segundo plano, ocupando o primeiro o operário,como é da natureza da civilização ocidental a hierarquia inversa. Com a agravante que o intelectual, entre os sovietes, tem que documentar, por assim dizer, e advogar, o seu direito à vida. Isto é, ou tem falta de escrúpulos e ambição suficientes para servir o regime, como testa de ferroou tem alma de artista, sinceridade, imaginação, consciência, então será tolerado (como alguns dos personagens de Ferrugem Vermelha), arrastando uma existência incerta e ilusória, miserável nofundo, à maneira dos antigos bônos da Côrte.
Hoje na Rússia não há nem grandes pintores, nem grandes escritores, nem grandes músicos( Stravinsky não vive lá) - nem grandes poetas, em suma. No Teatro revelaram-se meia dúzia de metteurs-en scène, em maioria judeus. Mas dramaturgos de génio não os há. Não será exagero afirmar que o último grande artista russo era Maximo Gorki, morta há poucos dias. Este, porém,  já era Gorki em 1919; formou-se no período revolucionário pre-soviético, no rastro do anarquista sublime Leão Toltoi. Gorki, homem de ideal, ambicionou humanizar o Comunismo. Foi pôsto à margem sistematicamente pelos ditadores proletários. Morreu desgostoso e desiludido, sem deixar escola.
Não sei, meu caro José, se a minha divagação principia a cansá-lo. Dir-lhe-ei que é com grande prazer que estou escrevendo. Ao menos terei sido claro? Terei sabido, com razões humanas, aminha aversão ao Comunismo?
V. o dirá. Entretanto poderá replicar-me que o Comunismo não deverá ser tão feio como o quero pintar, vistoque homens como André Gide a ele aderiram publicamente, como militantes.
Há, a meu ver, três ordens de razões que condicionam a adesão dos intelectuais ao Comunismo. A primeira, a mais vulgar é a ignorância. A mocidade é epontaneamente revolucionaria, a grandeza de alma também. O Comunismo goza da fama de sistema avançado - ambora, de facto, seja um processo primitivo de aglomeração humana. (Só os sistemas individualistas justificam a classificação de avançados). De modo que o intelectual ignorante da realidade russa, vai para o Comunismo, como eu vou para uma bela viagem, disposto a julgar unicamente por si-próprio, com os olhos e com as mãos a natureza em flagrante.
Outra razão, mais feia, é a cobardia. Uiva-se com os lobos para não vir a ter a sorte das ovelhas. Além disso, como v. sabe, José, Moscovo paga e paga bem.
Uma terceira razão é o ódio ao Fascismo. O triunfo do Fascismo, além de ser o da civilizção ocidental, seria evidentemente o de Roma - ou antes, das 3 Romas: a Roma da unidade imperial (César, Dante, Mussolini) e a Roma Católica. Os anti-romanos, inimigos por temperamento do espírito clássico,preferem precipitar-se no abismo. - Tudo, menos a lei de Roma.
Aqui não discuto, Esses homes cumprem um acto de fé, obedecem a uma fatalidade original, Agradeço simplesmente a Deus ter-me feito tal que posso aguardar o desenrolar deste grande conflito sem atribulações de consciência.

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Lamento André Gide, que admiro, não por ter romado partido, mas por ter sido obrigado, pelas circunstâncias cruéis, a renegar a sua obra e o seu ideal. Se havia hije um puro individualista era bem ele. andré Gide, o mai completo e superior tipo de protestante que eu conheço. Vendeu-se aos incendiários, aos apóstoles da guerra, para não contribuir para a paz Romana. O caso de André Gide é um dos episódios mais profundamente trágicos que eu conheço.
Doutros casos menosre, para quê falar? Não são arguemtnos de crítica que eu pretendo expôraos seus olhos, meu caro José, e tão somente dados que esclareçam a posicão que adoptei.
Com isto não quero concluir que o Fascismo resuma todas as perfeicões. Em política convém sermos sóbrios e contentarmo-nos com o relativo. Eu admiro e aprovo o Fascismo em 1º lugar, porque é uma promessa, persuasiva quanto possível, da vitalidade espiritual da Euroapa; e em 2º lugar porque representa um pronto de partida, e não de chegada (como o Comunismo), e que portando, não comprometoe o futuro.
Fascismo, por ora, só existe na Itália: isto é, um movimento revolucionário, com valor e sentidouniversais, no quel, pela primeira vez na História, se busca a síntese profunda das direitas e das esquerdas, da tradicção (Ordem, Hierarquia, etce.) e do Progresso social (direitos dos trabalhadores).
O  Fascismo tem sido macaqueado fóra de Itália e até (coisa absurda) fóra da Europa. Escuso de insisitir no que sucede entre nós. em geral adopta-se do Fascismo o formulário, uniforme, a saudação romana, o apelo ritual à mocidade, os punhais e os cinturoões, as milícias de passo cadenciado, e o chefe (disciplian, comando único,etc [)] Não se repara que isso é o exterior, a vestimenta, o  que menos importa.
O Nacional-socialismo que é, de todos, o moviemtno cujas semlhanças com a Rev. italiana vão mais longe, é também o que dela mais se afasta por causa do dogma racista. O Racismo, contrário ao princípio da universalidade, marca um regresso do povo germanico a crenças primitivas, e o recrudescimento dum velho rancor orgulhoso contra a civilização ocidental. Por isso o actual entendimenteo entre a Alemnha e a Itália é de fachada, rigorosamente anti-histórico.
Dum ponto de vista filosófico Eugenio d´Ors traçou da doutrina fascista um preciso esquema lido durante a conferencia que realizou na sede da Propaganda Nacional, e de resto inserida noPrefácio do livro de Ferro sobre Salazar. Duas fórmulas podem ainda resumir esse esquema: Unidade europeia e Universalidade.
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Deposi desta longa explicação fico a pensar no destino do nosso D. João II. Terei sido imprudente ou apenas leas como v. para foi comigo? Terei afastado ou aproximado a hora da nosa colaboração? Aguardarei a sua resposta, meu caro José.
Calcula que esta longa cata o vá enontrar ainda em Lisboa. S não, se fôr parar a Moledo, tanto melhor - será sinal de que v. já estará gosando umas bem merecidas férias.
Um beijo ao afilhado, de que muitas vezes falo com a Margarida. Recordações nossas para os dois, e um grande abraço para v. do

Fernando